Desejo, sem artigo!


Já não era a primeira vez que nos víamos!

Desde o mês passado quando nos esbarramos no café, próximo a empresa, tive a sensação de alguma ligação. Verdade! Não sei explicar, naquele momento imagino até que corei, melhor coramos e desviamos o olhar, acho que somos tímidos? Talvez, talvez não...

Foram assim por vários encontros, casuais? Não acredito no acaso, algo de energia com certeza. Porém naquela tarde algo ainda maior aconteceu, não conseguia me conter, era maior, meu coração palpitou, ainda mais acelerado, minhas pernas perderam um pouco do vigor, me sentei ali, naquele café, enquanto nos entreolhávamos, difícil descrever, mas nossos olhos se comunicavam, senti um arrepio, da nuca aos dedos dos pés, creio que a pele estava toda corada, a temperatura subiu. Nada mais passava em meus pensamentos a não ser beijar aquela boca demoradamente com volúpia, sentir seu corpo grudado ao meu, seu cheiro, a tez de sua pele...
Queria mais, me despir lentamente ou apressadamente, encontrarmos nus, melhor dançar em roupas íntimas, perceber nossas respirações ganhar ritmo, ofegar, nos descontrolar...
Viajávamos, percebia que não era só eu, mas nós; estávamos conectados! Percebia de longe, suas pupilas dilatavam, assim como as minhas, ali sentados, separados por não mais que duas mesas, dois metros no máximo, seu corpo apesar de estático se movimentava, como um feixe de luz, em outra dimensão, nos tocávamos, nos amávamos...
Meus pensamentos, minhas sensações, não paravam, fortes, queria viver aquilo, queria nossos corpos entrelaçados, unidos, até que numa grande pequena morte nos desfalecíamos, por instantes, resultado de um grande prazer, um grande gozo, indescritível, inesgotável, nem que por um instante...
Devo ter soltado um sussurro, também ouvi de lá. 
Recompomos-nos, sentia as pernas bambas, esperei, me levantei. Mais um olhar e desviamos!
- A conta, por favor!
Seu café cortado para não esquecermos de hoje. Me liga!
...era o que dizia o bilhete, junto ao café e conta paga.

Comentários